"A casa cor-de-rosa"

Pouco vou ao cinema. Praticamente nunca. Não por não gostar de filmes, mas por ‘ir ao cinema’. Adoro filmes! Mas gosto de assisti-los em casa, enrolada no cobertor, vestindo aquela ‘roupa de ficar em casa’, com direito a incursões à cozinha, ao banheiro, ao telefone.

Portanto, não sou a pessoa adequada para indicar lançamentos de filmes. Muitas vezes vejo-os na TV, anos depois de serem lançados, pois vários deles não são lançados nem em DVD (dependendo da classificação comercializável ou não).

Há dois anos atrás uma amiga me indicou um filme que na época não chegara aqui. Como procurei e não encontrei, esqueci. Assisti recentemente ‘ A Vida Secreta das Abelhas’, com Dakota Fanning, Queen Latifah e outras. É um filme feminino, simples. E, uma das passagens que me tocou, foi algo como, ‘Gosto de azul e minha irmã gosta de rosa-choque. Não gosto de rosa-choque, mas a casa foi pintada dessa cor. Isso iria fazê-la feliz’.

Há uma época em que se gosta de azul e não se abre mão. Gosta-se de rosa e não se abre mão. Pouco é motivo pra tudo. Bom senso é bom, por isso que é bom; mas há um momento na vida que o fato do ‘outro’ gostar de algo, se sobrepõe ao ‘meu’ gostar. Isso não denota fraqueza de caráter, resignação, traumas, blablabla. É algo interno. Eu gosto do outro. Ponto. Aceito-o como ele é, e não me importo se ele tem beleza diferente ou não tem, se escreve errado, não é ‘fashionable’, não fala outra língua, gosta de música que eu não compraria. E aí? Também não sou miss, também escrevo errado, não sou moderna, não falo vários idiomas e escuto música que várias pessoas não apreciam.

Pieguice? Não. O ‘importante’ se transforma. Muda de nome, endereço e passa somente a não ‘importar’ mais. Não é mais problema pintar a casa da cor que a irmã quer, ou silenciar quando se quer falar, ou a opinião se destacar às demais. Isso perde o sentido, esvazia.

A ‘essência’ permanece, não perdi o gosto pelo azul. Apenas aceitei que a casa pode ser cor-de-rosa, bem como outras situações que insistimos em colorir com cores diferentes, ou simplesmente não colorir.

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