Minha amiga amou um homem...

E não sabia que havia amado. Só soube depois que acabou, depois que se foi, depois.

Era um homem que ela jamais escolheria (conscientemente) para amar. Era atrapalhado nos horários, nas agendas, nos compromissos. Era friorento, alérgico a tudo ( e minha amiga a-do-ra inverno, frio, chuva, vento, umidade, céu escuro). Dirigia mal, era desatento. Saía ‘pingando’ pelo banheiro depois do banho, deixava roupas espalhadas pela casa e a deixava ‘falando’ sozinha no msn.

Mas... Ou os defeitos do outro se tornam atração ou se tornam insuportáveis. Minha amiga optou pela química; doida, inexplicável. Descobriu que gostava das diferenças, e que era exatamente isso que os conectava, ‘encaixava’, sintonizava, mantinha; além das lições malucas que trocavam, de línguas antigas ao funcionamento dos freios de um caminhão, ou a limpeza do filtro da máquina de lavar e a cor do esmalte para a estação, ou ainda o final imprevisível do episódio de ‘Law & Order’.

Conheciam-se bem. Até demais. Mesmo sem precisar dizê-lo. A relação era límpida, transparente. Ele sabia quando ela estava desagradada pois ela tamborilava os dedos nervosamente (sobre a mesa, sobre a cama, sobre o peito dele); ele fazia tudo devagar na hora de ir embora pra não ter que ir.

Ambos se presenteavam. Ela lhe proporcionava somente o melhor de sua casa e de si. Ele lhe retribuía com pequenas gentilezas; coloridas, doces, silenciosas, surpreendentes. Davam gargalhadas, dormiam pouco, beijavam-se muito.

Um dia ela ‘sentiu’ que ele iria embora. Ele também. Não sabiam como, nem a hora, nem o dia, só sabiam.

As últimas vezes foram veementes, estranhas.

Fizeram algo que nunca haviam feito. Seguraram as mãos com força, em silêncio, num infinito, e nada disseram. Mas pensaram.

Ele se foi. Pra sempre.

Ela entendeu que o amara, mas não o disse - ou talvez, apenas não tivera tempo para fazê-lo.

Happy Birthday!

Woody Allen

Para quem gosta de Woody Allen, há no NYTimes de hoje uma entrevista muito boa dele falando sobre fé, religião, o processo do envelhecimento (ele chegou aos 74 anos), e seu novo filme 'You Will Meet a Tall Dark Stranger', a ser lançado na próxima 4af. O filme tem Anthony Hopkins e Gemma Jones (dois britânicos que, ao meu ver, valem a ida ao cinema) e trata 'veladamente' de religiosidade e suas implicações.

'O Casamento de Rachel'

...ou 'Rachel getting Married' é outro dos filmes antigos e 'estranhos' que já assisti três ou quatro vezes. E, cada vez que o vejo, sempre há mais uma surpresa, ou uma palavra nova, ou uma passagem marcante.

É uma produção de dois anos atrás, 'diferente', com muita música, culturas diversificadas, um enredo prá lá de interessante. A 'Marcha Nupcial' é tocada em ritmo de rock, os votos dos noivos (ao estilo americano) são comovedores e...não poderia contar mais, porém, quando Sidney declara à Rachel da forma que ele sabe... Nossa, é de arrasar. Até o mais insensível dos mortais não tem como se segurar. Assistam e depois me contem.


O que faz bater teu coração?

Uma grande emoção ou uma desilusão?
A presença de amigos ou os tempos idos?
As marcas do amor ou do calor?
O sorriso no olhar ou o gargalhar?
Talvez fosse apenas o tropeçar,
Com o espelho nas mãos,
Ou o receio de ouvir um 'não'.
Talvez a promessa de nunca esquecer
Pra não precisar entristecer.

Meu dispositivo...

... identificou o fim do inverno e a troca de estação. Comecei a ficar com uma preguiça, um cansaço... Só em pensar em horário de verão já fico exausta.

'The Song of Sparrows'

Ou 'Canção dos Pardais', é uma produção iraniana de 2008 que recebeu premiações em Jacarta, Berlim, Chicago,Portland, dentre outras.

É uma história simples e comovente,que trata essencialmente do resgate de valores de Karim, um homem que trabalha em uma fazenda de criação de avestruzes.

Adorei a simbologia. Pra quem realmente gosta de filmes incomuns.





'A Hora'

Minha amiga temporizou até quando podia, até entender e conseqüentemente até aceitar.

Mas a hora chegou, ou era agora, ou era agora.

Afinal, pra tudo há um tempo. Vivemos num dia de 24 horas, em que há momentos para as refeições, para se dormir e acordar, para trabalhar, para se divertir. Normalmente não se come bergamotas no verão, ou melancia no inverno. Os passarinhos não nos ‘atropelam’ aos pares em junho, não celebramos a Páscoa em setembro, não aprendemos raiz quadrada antes das quatro operações.

Vem-se para este mundo e vai-se dele; num ciclo dinâmico, entre encontros e desencontros, inícios e términos, ‘departures’ e ‘arrivals’.

É difícil? Muito. E é até bom que não saibamos quando os fatos ocorrerão, pois não estaríamos preparados para lidar com eles - embora se suponha que sim, tanto as coisas boas quanto as ruins.

Aí, percebemos nossa fragilidade, impotência e descontrole. Podemos planejar, esquematizar, desejar, teimar. Mas se não for ‘a hora’, simplesmente não rola; seja o trabalho, a gravidez, o amor.

Evidentemente que procrastinamos, pois queremos do nosso jeito - e como dói quando não é. Mas até atingirmos aquele degrau em que se possui visão e maturidade, foram necessárias horas, anos e talvez até uma vida.

Um consolo? Por mais que tenhamos escalado os degraus, vejamos e sejamos teoricamente maduros, NUNCA estaremos totalmente prontos e aptos. As adversidades sempre nos pegarão desprevenidos, as variáveis assumirão valores diversos, jamais saberemos se aquela é, naquele instante, a melhor decisão e, apenas a sucessão dos fatos nos conduzirá à próxima etapa e à resposta – que muitas vezes não queremos escutar.

Uma fórmula? Interpor os períodos, abstraindo deles sua subjetividade, suas alegrias, sua perenidade.

Como se faz isso? Não sei... Só o tempo dirá.

'Você sabe quando deve parar?'

Artigo de Christian Barbosa, no site do CDL POA para se refletir ou simplesmente para parar... Afinal, sou worklover ou workaholic?

Um amigo me enviou esta foto. Pra quem é curioso, procure no Google Earth - Sylt


                                                                        Thanks, my friend!

Presente de Aniversário

Mais outro.

Lembro das festinhas infantis do passado, bem mais simples, com balões coloridos apenas, garrafinhas de refrigerante caçula, ‘palitinhos’, docinhos caseiros, velinhas cor-de-rosa, fotos, crianças correndo pela casa e... os presentes! Nossa, que alegria ao recebê-los e dispô-los sobre a cama. É... naquele tempo se costumava colocá-los lá. Era uma oportunidade de se ganhar mais presentes do que no Natal e eles contavam mais do que a festa. Ou seja, o ‘highlight’ do meu aniversário, ao menos (não conseguiria mentir) eram os presentes.

Os anos e os aniversários passam. O significado deles também, bem como os presentes.

Houve aniversários que aguardei, outros que simplesmente quis que o calendário ‘pulasse’. Contudo, o ‘grande’ dia está ali, tem que ser celebrado. E os presentes singelos do passado são aos poucos substituídos por presentes valiosíssimos, únicos: o sol nascendo de manhã, o primeiro ‘torpedo’ do dia ao acordar, o e-mail inesperado, a ligação atenciosa, o abraço demorado, as flores sorridentes, a visita rápida e o contato de quem passou mas não se foi, daquela pessoa que normalmente esqueceria mas que esse ano lembrou. Sem contar aqueles vindos de quem nos conhece, que sabe exatamente do que gostamos, o enfeite, o ‘cheirinho’, a ‘comidinha’.

À medida que o tempo acontece, meus questionamentos aumentam e minha lista de presentes se modifica. Deve ser a idade.

Enquanto isso, abaixo, um dos presentes que venho recebendo há anos - sempre no meu aniversário - quando chego a um lugar que considero também outro presente.

Não deu tempo