Uma amiga me contou uma história

‘A corrente de estrela’


Às vezes ela se perguntava como podia ser tão insensível aos detalhes tão grandes que as pessoas lhe mostravam e que passavam batido. Podia ser uma palavra, um par de sapatos novos, uma roupa, um sorriso, um olhar, um momento de silêncio.

Na hora percebia, brevemente, frações de segundo, mas não comentava; não perguntava, deixava passar.

Notou a corrente com a estrela desde a primeira vez, que enfatizava suas diferenças de crenças, de hábitos, de ‘comunidades’. Deduziu, pensou, imaginou. Receou perguntar, afastar.

Quantas vezes fez isso e não se flagrou? Quantas vezes afastou querendo unir? Quantas vezes omitiu desejando manifestar?

A corrente de estrela não desuniu, pelo contrário. Ela esteve sempre lá, do início ao fim, dia e noite, sempre lhes lembrando, mas não impedindo.

A corrente de estrela fazia parte do corpo, junto ao peito, aos pelos, ao coração, à história dele, tão diversa à dela.

Uma noite passou, mais outra, mais um dia, mais outro.

Num domingo ele se foi, com sua corrente de estrela, com o sol, com a lua, com a chuva e com as outras estrelas.

Ela manteve na memória a estrela de seis pontas, o brilho dos momentos, a cumplicidade na forma da corrente e o valor de ouro dos detalhes. Ela nunca mais seria insensível a eles.

Pra quem gosta de TV

...e de programas diferentes, domingos à noite, 22hs, no Multishow, 'Cultura Urbana'.

'A figurinha que faltava'


Naquela época se colecionava coisas simples: bolitas, selos, chaveiros, figurinhas. Era uma festa poder trocar o que se tinha ‘duplo’; juntar as moedinhas para comprar os pacotinhos de papel, rasgar a ponta, encontrar as ‘mais difíceis’ e empilhar as ‘mais fáceis’. Havia figurinhas de papel e até de metal, adesivas.

Fazendo uma analogia conosco, nossa trajetória se assemelha a um álbum. Na realidade, a vários deles.

Eles têm sempre começo, meio e fim. Há páginas quase incompletas, há outras coloridas, repletas. Há figurinhas que se comprou, outras que se ganhou, se trocou, se perdeu. Há as raras, que quase ninguém tinha, e que nem sabemos como, conseguimos. Há aquelas que obtivemos por sorte, outras que se barganhou, outras que custaram caro, que foram trocadas por várias.

E quando a edição acabou, o campeonato passou, a Copa do Mundo se foi e falta uma, só uma? Sensação de metade, de parte, de peça solta.

Um dia mudam-se os tópicos, o foco, se editam novos álbuns (nem cogito os virtuais). E, quando nem lembramos e nem esperamos mais, a ‘figurinha que faltava’ chega às nossas mãos; para concluir, completar, fechar.

Pode ser a viagem, a promoção, a separação. Pode ser o filho, a resposta que faltava, a cura, a descoberta, o curso, a mudança, a morte, o retorno à fé, a adaptação, um novo amor.

Pode ser qualquer coisa ou pode ser uma pessoa, que irá preencher o ‘espaço em branco’ e nos fazer dar início a outro álbum. Mais um.



Um amigo me teclou...

“Eu acho que escrever dá tempo de refletir... organizar as idéias... pensar melhor... buscar a melhor composição. Falar é SEMPRE inaugural. É beeeeem mais complicado.... e arriscado, rsrs.”

Nunca fui muito adepta...

De livros ou materiais denominados de autoajuda, mesmo porque o (meu) juízo antecipado fez sua ronda e, por fim, muitas vezes perdi a oportunidade de ler algo que poderia ‘ter me auxiliado a me auxiliar’, entende? Algo como, a ajuda está em mim, mas aquele material ou livro poderia ter sido o empurrão final, o glacê no bolo.

Tenho recebido artigos muito interessantes sobre motivação e competências e um dos parágrafos que chamou minha atenção no artigo intitulado ‘Raio-X na carreira’ , de Roberto Recinella, foi: ‘Segundo Peter Drucker uma competência essencial para os profissionais do século XXI é possuir a capacidade de aprender, desaprender e reaprender.’ Muito adequado para a reflexão de profissionais (como eu) que não dispõem de uma estrutura empresarial para lembrar que precisamos estar motivados sempre; prontos para errar, acertar e aprender com isso, independente de crise, momento social ou político.

Diferente da vida fora do trabalho? De jeito nenhum. Uma amiga me presenteou com um livro – ‘O Poder do Agora’, de Eckhart Tolle, lançado há alguns anos atrás, mas que caiu nas minhas mãos NOW, ou seja, no momento em que eu estaria aberta para recebê-lo. Ele não pode ser lido com pressa, mesmo porque há partes em que há um símbolo indicando que ali se deve parar e pensar. É o AGORA. É a motivação para continuar, para trabalhar a vida, independente dos mas e dos poréns.

Concluindo, há materiais, livros, cursos, revistas, newsletters, programas no rádio e na TV, websites e pessoas que nos ensinam, motivam, nos fazem reaprender. Dificilmente concordaremos com 90% do que foi escrito, dito ou mostrado, além da nossa capacidade de filtrar o que se apropria ou não à determinada circunstância. Assim, o percentual do empurrão é individual, mas o glacê gera resultados coletivos. E quem não gosta de um docinho?

150 dias... Muito ou pouco?

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Depende.

Se for para uma mulher grávida que está esperando um bebê chegar, é muito. Os dias não passam, o desconforto aumenta, a ansiedade consome. Mas, depois da chegada, é alegria, é estranheza, é encantamento.

Se for para alguém que se encontra num período de abstinência, também é muito. Cada dia é uma vitória ou uma desgraça sem fim. É um misto de alívio, receio, temor, insegurança.

Se for para alguém que tem uma viagem marcada de férias, com direito ao lazer, ao descanso, ao sol, o dia não passa, o trabalho se torna um fardo mais pesado, não agüentamos mais. É o prazer postergado.

Porém, se for para determinar que aquele será um período para iniciar e terminar um relacionamento, é pouco, muito pouco. As horas passarão como segundos,  serão vividas como séculos, tentaremos prolongá-las, e elas simples ‘voarão’. É o prazer ‘ao contrário’.

Se for um período de luto, é praticamente nada. Passaram-se apenas 150 dias e a dor se encontra ali, um pouco enfraquecida é claro, mas se encontra adormecida, pronta para ‘explodir’ a qualquer momento, misturada com saudades, com lágrimas, com o aperto no peito, com memórias, objetos, aromas, sentimentos. É o ‘nunca mais’.

Ah, a relatividade do tempo... Se nos déssemos conta da necessidade dele antes do bebê chegar, das nossas transformações internas e externas, indispensáveis à adequação dele e nossas...

E a insegurança do adicto que irá se tornar conquista, superação, apoio, solidariedade?

E o pôr-do-sol em silêncio e tranqüilidade nas férias bem merecidas, seguidas da saudade de casa, dos novos projetos no trabalho, do recomeçar?

Quanto a um relacionamento com data de início e fim, isso é pouco provável. Porém, se quisermos preservá-lo, a passagem do tempo(em tese) o fortalece, cria vínculos, nos torna cúmplices em atos e pensamentos.

O luto nos derruba, tira a esperança, nos fragiliza e nos mostra nossa total falta de controle. Não temos poder sobre a morte. Ela expõe nossa fraqueza, debilidade, incapacidade. Um dia vai passar.

Enquanto isso, que a lição da impermanência seja aprendida. Que os momentos sejam realmente vividos, desfrutados, a fim do trajeto ser observado  para que ele não seja mais tarde motivo de pesar, mas de lição de casa bem executada, de tranqüilidade, do fiz bem a minha parte, o que devia, o que pude.



A idéia...


... do blog surgiu da necessidade de compartilhar o que amigos, amigas, amigos de amigos, gostariam de dizer, contar, divulgar ou apenas sugerir.

Então... Lá vai!

Preparem-se...

Marília

Não deu tempo