Califórnia? Sim, por favor.

Foi difícil sair naquele sábado de manhã e dirigir por horas, sozinha. Afinal, teria que passar por locais ‘complicados’, quase que como uma viagem no túnel do tempo, com direito àqueles círculos concêntricos, em que se entrava mas não se sabia onde nem em que data se iria sair.

Mas foi. E gostou, e foi bom. Mesmo porque ela queria companhia de mulheres amigas, aquelas que não se cruza sempre mas que é como se vissem toda a semana; que dizem o que tem que ser dito com tanta delicadeza que parece que não foi dito, que não precisam pedir desculpas depois, que nos fazem compreender em apenas alguns minutos  coisas não entendidas em anos de terapia - sem culpa, sem peso, sem ‘arrastar correntes’. E sim. Nos ‘re-lembram’ que nessa faixa etária eterno é o tempo que dura enquanto se ama, que ficar bem na foto é estar natural e que o ‘desvio padrão’ é querer ser perfeito, categorizando o que já foi rotulado e etiquetado.

O lugar é bonito e a comida razoável. Estranho local no interior. As pessoas chegam, comem, bebem e saem. Não conversam, não seguram as mãos, não olham dentro dos olhos. O garçom passa com as pizzas ‘razoáveis’.

- Califórnia!

Hmm... Namora a cereja, o pêssego e o figo.

- Califónia? Sim, por favor. E com frutas.

No caminho de volta (que é sempre mais rápido que a ida) passa por placas na estrada e tenta imaginar como seria  viver no ‘Vale da Felicidade’ ou o que iria descobrir na ‘Tenda do Segredo’. Sei lá. Nem quer saber a essas alturas do campeonato.

Não deu tempo