Pérola de um amigo

'Bem vinda à realidade então. A vida é assim mesmo. A maior parte de nossa jornada se dá no dia-a-dia e 'Natais' são pouquíssimos ao longo do ano.'

‘Um amigo me ensinou a não dirigir na contramão’


 
Não que eu dirigisse sempre, mas havia um local, específico, em que eu sempre o fazia, para simplesmente ‘ poupar’ tempo. Um dia ele me perguntou o porquê de eu fazer aquilo. Aí expliquei, justifiquei, me isentei... Já era tarde.

Ele fez o retorno comigo e me mostrou que eu não economizava tempo nenhum, que a distância era curta, que o caminho era seguro, que não faria nenhuma diferença. Me perguntou, me explicou, me corrigiu, me ensinou.

Depois daquilo não consegui mais subir aquela rua na contramão. Lembrei dos ‘atalhos’ da minha vida, que por diversas vezes me atrasaram, tornando o caminho mais difícil. Quantas vezes imaginei uma coisa e ela era outra completamente diferente. O ponto de chegada continua lá, à frente, aguardando para ser alcançado, e nos perdemos nas curvas, nos desvios, muitas vezes ‘desencaminhados’ pela inexperiência, ansiedade, orgulho, carência, pressa.

Meu amigo me ensinou e nem soube o quanto. Não que ele fosse um exímio motorista. Não era. Muito pelo contrário... Porém, me revelou como apreciar o simples, a ser surpreendida, a ser‘paciente’. Me ensinou a aprender; a dar sem esperar receber, a querer ascender, e, sobretudo, me mostrou que mesmo a transgressão carrega consigo conhecimentos que jamais seriam obtidos se fossem simplesmente consentidos, sendo às vezes apenas inevitável.


'The Visitor'


O que faz duas pessoas cruzarem as estradas de suas vidas, provenientes de duas origens completamente diferentes? Pessoas cujas culturas, língua, crenças, hábitos e histórias se desassemelham por inteiro?

Como descrer que todos seguimos um plano meticulosamente calculado, que nos conduzirá a encontros desencontrados, independente de nossas tão propagadas ‘escolhas’, e que nos depararemos algum dia com alguém que transformará nossa existência, nos tornará ‘melhores’, trazendo um sentimento real de existência, de partilha, de unidade, almejando fazermos o que teoricamente ‘não precisamos’?

Talvez o vazio, a lacuna, a melancolia, a ‘mesmice’, a necessidade de fazer o ‘divergente’, o quebrar  padrões, correr riscos, tentar o novo, o desafiar, sejam respostas a esses questionamentos.

Por fim, voltamos às origens, por vezes sem querer fazê-lo, mas com forma e teor modificados.

Todos possuímos ‘visitantes’ em nossas vidas, por dias ou anos.

 ‘The Visitor’ (2007),  dirigido por Thomas McCarthy chegou ao Brasil somente ano passado, trazendo Richard Jenkins (Walter Vale) como protagonista  e contando a história de um homem entendiado com sua vida, que desconhecia seus talentos como ser humano. Suas aquisições no decorrer do filme nos levam a reflexões diversas.



Uma Amiga me Enviou ...

uma passagem de ' Comer, Rezar, Amar' de Elizabeth Gilbert.

Acredito que o livro sempre crie o 'nosso' universo de imagens, sons, aromas, lugares; ao contrário do filme, que nos oferece praticamente tudo pronto. Ou seja, o processo de elaboração e de abstração, ocorre de forma diferente. Porém, como não li o livro nem assisti ao filme, reproduzo aqui um parágrafo instigador.

" Se você tem a coragem de deixar para trás tudo o que lhe é familiar e confortável (pode ser qualquer coisa, desde a sua casa até os seus antigos ressentimentos) e embarcar em uma jornada em busca da verdade (para dentro ou para fora), e se você tem mesmo a vontade deconsiderar tudo o que acontece nessa jornada como uma pista, e se você aceitar cada um que encontre no caminho como professor, e se estiver preparada, acima de tudo, para encarar (e perdoar) algumas realidades bem difíceis sobre você mesma.... então a verdade não lhe será negada." 


Leio...

 ... uma entrevista com Jabor, falando de seu nono filme, de volta após 24 anos. O título é 'Suprema Felicidade', e, segundo ele, " tem muita coisa de amor – um assunto fundamental na literatura. Ele não tem um gênero só: tem comédia, tragédia, tem música, sexo, amor... É a história de um garoto que nasce no final da Segunda Guerra e vai até ele fazer 20 anos. São três atores que fazem o papel. É um filme de formação, a história de alguém se formando na vida, história da família. E do Rio de Janeiro, que viveu nessa época um momento muito rico com a bossa nova, a Copa do Mundo e o início de uma liberdade maior. O Rio de Janeiro, no final dos anos 50, começo dos anos 60, era um paraíso extraordinário, mas tinha as famílias de classe média ainda muito resistentes às mudanças. Então, existe uma dialética muito interessante entre a coisa da família deprimida e a alegria e a liberdade fora de casa. "

Embora na entrevista ele critique um dos meus poetas favoritos, ele cita também situações pessoais retratadas e percebidas por sua irmã ( uma frase dita e repetida por seu pai) , bem como por ele mesmo, ao levar um tapa de um menino, nos anos 50, sem razão e sem reação.

Concluo que todos nós, sem dúvida alguma, com nossas histórias, dilemas, dúvidas e tragédias, também poderíamos servir de roteiro para um filme. E que filme!!!

'Blind'

Ou o 'O Amor é Cego', é outro filme distinto, com produção búlgara, holandesa e belga, de 2007. Trata do 'amor cego', literalmente. Tem uma fotografia linda, leve, que se ajusta perfeitamente ao enredo que se desenrola no século 19.

Não deu tempo