‘Um amigo me ensinou a não dirigir na contramão’


 
Não que eu dirigisse sempre, mas havia um local, específico, em que eu sempre o fazia, para simplesmente ‘ poupar’ tempo. Um dia ele me perguntou o porquê de eu fazer aquilo. Aí expliquei, justifiquei, me isentei... Já era tarde.

Ele fez o retorno comigo e me mostrou que eu não economizava tempo nenhum, que a distância era curta, que o caminho era seguro, que não faria nenhuma diferença. Me perguntou, me explicou, me corrigiu, me ensinou.

Depois daquilo não consegui mais subir aquela rua na contramão. Lembrei dos ‘atalhos’ da minha vida, que por diversas vezes me atrasaram, tornando o caminho mais difícil. Quantas vezes imaginei uma coisa e ela era outra completamente diferente. O ponto de chegada continua lá, à frente, aguardando para ser alcançado, e nos perdemos nas curvas, nos desvios, muitas vezes ‘desencaminhados’ pela inexperiência, ansiedade, orgulho, carência, pressa.

Meu amigo me ensinou e nem soube o quanto. Não que ele fosse um exímio motorista. Não era. Muito pelo contrário... Porém, me revelou como apreciar o simples, a ser surpreendida, a ser‘paciente’. Me ensinou a aprender; a dar sem esperar receber, a querer ascender, e, sobretudo, me mostrou que mesmo a transgressão carrega consigo conhecimentos que jamais seriam obtidos se fossem simplesmente consentidos, sendo às vezes apenas inevitável.


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