150 dias... Muito ou pouco?

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Depende.

Se for para uma mulher grávida que está esperando um bebê chegar, é muito. Os dias não passam, o desconforto aumenta, a ansiedade consome. Mas, depois da chegada, é alegria, é estranheza, é encantamento.

Se for para alguém que se encontra num período de abstinência, também é muito. Cada dia é uma vitória ou uma desgraça sem fim. É um misto de alívio, receio, temor, insegurança.

Se for para alguém que tem uma viagem marcada de férias, com direito ao lazer, ao descanso, ao sol, o dia não passa, o trabalho se torna um fardo mais pesado, não agüentamos mais. É o prazer postergado.

Porém, se for para determinar que aquele será um período para iniciar e terminar um relacionamento, é pouco, muito pouco. As horas passarão como segundos,  serão vividas como séculos, tentaremos prolongá-las, e elas simples ‘voarão’. É o prazer ‘ao contrário’.

Se for um período de luto, é praticamente nada. Passaram-se apenas 150 dias e a dor se encontra ali, um pouco enfraquecida é claro, mas se encontra adormecida, pronta para ‘explodir’ a qualquer momento, misturada com saudades, com lágrimas, com o aperto no peito, com memórias, objetos, aromas, sentimentos. É o ‘nunca mais’.

Ah, a relatividade do tempo... Se nos déssemos conta da necessidade dele antes do bebê chegar, das nossas transformações internas e externas, indispensáveis à adequação dele e nossas...

E a insegurança do adicto que irá se tornar conquista, superação, apoio, solidariedade?

E o pôr-do-sol em silêncio e tranqüilidade nas férias bem merecidas, seguidas da saudade de casa, dos novos projetos no trabalho, do recomeçar?

Quanto a um relacionamento com data de início e fim, isso é pouco provável. Porém, se quisermos preservá-lo, a passagem do tempo(em tese) o fortalece, cria vínculos, nos torna cúmplices em atos e pensamentos.

O luto nos derruba, tira a esperança, nos fragiliza e nos mostra nossa total falta de controle. Não temos poder sobre a morte. Ela expõe nossa fraqueza, debilidade, incapacidade. Um dia vai passar.

Enquanto isso, que a lição da impermanência seja aprendida. Que os momentos sejam realmente vividos, desfrutados, a fim do trajeto ser observado  para que ele não seja mais tarde motivo de pesar, mas de lição de casa bem executada, de tranqüilidade, do fiz bem a minha parte, o que devia, o que pude.



Não deu tempo