'Como estar em Paris'

Tenho um amigo que adora viajar. E adora viajar pra Europa. E adora viajar pra Paris.

Um dia ele me disse que quando ele chega lá, ele não quer dormir porque não quer que o tempo passe.

Lembrei dos momentos em que também não tive vontade de dormir para que não passassem. Entendi perfeitamente a que ele se referia; o tempo some, tentamos perpetuá-lo, prolongá-lo, e não há como. E quanto mais resistimos, mais depressa as horas se vão.

É como estar em Paris.

Recordei  lugares, pessoas,  impressões, cores, a música, o silêncio...
Paris pode ser aqui então, porém, sem o título de ‘cidade das luzes’. Um momento singular, num local simples, sem torre, rio, baguete, perfume, franceses reivindicando nas ruas o tempo todo, cafés nas calçadas.

Paris pode ser a estrada com campos, borboletas amarelas voando aos pares. Pode ser a chegada, a companhia, o diálogo, o ensinamento. Pode ser o banho quente, a voz ao telefone, a risada. Paris é o abraço demorado, o beijo molhado ou estalado, a cumplicidade, o cheiro.

Paris pode ser qualquer país, temperatura, vegetação, língua. É a companhia de alguém ou consigo mesmo.

Eu posso ser Paris para alguém e alguém pode ser Paris para mim.

Hmmm. Vontade de viajar...





Um comentário:

  1. Marília: assim q entrei no teu blog fui direto para esta postagem, justamente pq falaste nela pra mim no último final de semana, em Farroupilha. Lindo o texto ... sem dúvida tens talento, regado à muita sensibilidade. Sem sombra de dúvidas, uma analogia perfeita! Grande beijo (agora vou tentar te seguir ... já tentei uma vez e não conseguí ... tentarei novamente!).

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