Xyzfgadassgdkjfr8uhd

Minha amiga passou anos sozinha depois da separação. Fora uma separação preparada, acompanhada pela terapeuta. Uma decisão madura, pensada e repensada.

Depois disso ficara um tempo sem ninguém – ela pensava que era importante ficar assim (para se resgatar, encontrar e desencontrar), para saber como era ficar incomunicável no final da semana, com a cama e o banheiro só para si, livre, leve e solta e com todas as contas às costas, bem como com o filho, os cachorros, o jacarandá do pátio e as goteiras do telhado.

Por fim, após ficar ‘expert’ em acender a lareira, dormir no meio da cama sem se mexer para não passar frio, reconhecer o disjuntor e carregar garrafas de água mineral, percebeu que chegara a hora de tentar uma nova relação. Tentou. Errou. Tentou novamente. Errou novamente. Conheceu na hora errada. Conheceram-na na hora errada. Sofreu, chorou, desistiu. Chorou. Sofreu. Deprimiu. Sofreu. Chorou. Voltou-se pra si. Conheceu. Encontrou. Não quis. Chorou. Repensou. Precisava superar, ‘move on’. Resistiu. Por fim desistiu. Se entregou. Primeiro em partes, depois pela metade. A outra metade insistia, lutava, não cedia . Aos poucos  entendeu. Um dia aceitou. Abriu-se, permitiu-se. Cansara de trabalhar incansavelmente. Queria viver mais um pouco, dar risada, dar beijo na boca, transar a noite inteira. Mas... Vai saber? Como costumava dizer, ‘amor na terceira idade’ era complicado. Mas será que na  'primeira ou na segunda idade’ não era? Sei lá. Não queria estar lá pra ver. E o último que saísse que desligasse a luz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não deu tempo