'Reflexões de Carnaval, Dia da Mulher e outras Mais'


Minha amiga gosta de estar atualizada. Gosta de ouvir as notícias no rádio, lê-las on line,  saber do novo software, da terminologia, saber o que está acontecendo. Mas, evidentemente, não sabe de tudo ( e nem quer saber).  Não sabe da moda nem dos cabelos até ‘topar’ na rua ou ver nas vitrines algo que ela não via há tempo ou algo diferente. Talvez ( e muito provavelmente) saiba de outras coisas que a ninguém mais interesse também, e não sabe trocar pneu de carro, nem válvula em vaso sanitário, nem resistência em chuveiro elétrico. ‘A César o que é de César’; se morasse na Inglaterra também não precisaria saber (a legislação não permite fios elétricos no banheiro - soube disso ao tentar descobrir onde se ligava a luz, já que não encontrava o interruptor).
Nas ‘férias forçadas’ abriu a página da Internet enquanto ouvia o programa no rádio para saber dos 14,000,000 de analfabetos em seu país ou da avaliação psicológica do homem que atropelou os ciclistas.  Passa os olhos pelas imagens coloridas do Carnaval e lê nomes completamente desconhecidos a ela; pessoas famosas, jogadores de futebol, atores, atrizes, modelos, cantores e aquelas que ela apenas sabe serem famosos, mas não sabe o que fazem nem de onde são. Por segundos desvia o olhar pela janela e vê sua cachorra deitada na grama, olhando para ela, tranqüila, alheia a tudo. Não sabe do feriado, do Carnaval, do dia das Mulheres. Olha a cachorra nos seus olhos fiéis e dá-se conta, que naquele exato momento, o que importa é o calor do sol, a grama verde e macia, a temperatura agradável. Minha amiga volta à  infância e recorda Fernando Sabino e sua “A Última Crônica” – ‘ torno-me simples espectador e sem mais nada para contar’.
Ela não precisa saber de tudo, estar ‘atualizadérrima’,  definitivamente. Só não pode, sem plagiar o cronista, ‘perder a noção do essencial’.

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